sábado, 29 de agosto de 2009

História do Teatro

Senta que lá vem História...


História do Teatro - Parte 1,
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TEATRO GREGO


A representação teatral desenvolve-se na Grécia no século VII a.C., apoiada nos rituais religiosos em honra ao deus Dionísio (ou Dioniso). No século VI a.C., quando surge o texto escrito para teatro, o grego Téspis institui a função de ator, ao sair do coro (grupo que narra e comenta a ação) e dizer que está representando Dionísio. Em Roma, os primeiros jogos cênicos datam de 364 a.C. A primeira peça, traduzida do grego, é representada em 240 a.C.

Teatro grego – As mais antigas manifestações do gênero dramático grego são a tragédia e a comédia. Embora ambas se iniciem no século VI a.C., a tragédia surge antes e influencia o teatro moderno.

Tragédia Grega:



A tragédia pode ser entendida como uma grande obra teatral onde se encontram presentes personagens ilustres, heróicos, de caráter inestimável e grandioso. As ações das tragédias são sempre constituídas de sentimentos de terror, piedade e situações funestas.

Seu surgimento está fortemente associado às celebrações em honra ao deus Dioniso (para os gregos; ou deus Baco para os romanos). Podemos constatar isso até mesmo através de sua etimologia:


TRÁGOS = bode + OIDÉ = canto, ou seja, “canto do bode”.

Definição de Aristóteles: “É pois a tragédia imitação de ações de caráter elevado, completa em si mesma, de certa extensão, em linguagem ornamentada e com várias espécies de ornamentos distribuídos pelas diversas partes do drama, imitação que se efetua, não por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação (catarse) desses sentimentos.”

DITIRAMBO: Hino de louvor ao deus Dioniso do qual, provavelmente, se originou a tragédia.

SÁTIROS: Pessoas vestidas com pernas de Bode e, acima da cintura, com roupas de humano. Figura muito sensual que está fortemente relacionada à Dioniso ou Baco. (embriagues - alegria – sensualidade – fertilidade – plantação).

HYBRIS: Essa palavra significa desmedida, insolência, orgulho. Seria uma enorme autoconfiança por parte do herói da tragédia grega que o levaria a cometer uma espécie de desafio, se opondo aos deuses cometendo, dessa forma, uma falha muito grande (HAMARTIA) que resultaria em uma desgraça ou morte (ATE). Hybris seria então uma transgressão (excesso) e a própria ação dessa transgressão iria remeter uma reação contra a personagem central.

O sentimento de terror e piedade é uma constante nas tragédias gregas. As personagens centrais são sempre embuídas de caráter grandioso e sentimentos bons, humanos, universais. Entretanto todas possuem, por menor que seja, um defeito que as leva justamente a cometer a hamartia.

A tragédia tem seu auge na Grécia, no século V a.C., e acaba por influenciar todo o teatro moderno. Em histórias completas, que vão da felicidade à desgraça, as emoções são embutidas e alternadas entre a compaixão e o terror. De uma forma geral, sempre mostra uma luta inútil contra o destino imposto pelos Deuses, mostrando, com isso, a forte importância que os gregos retribuíam às entidades mitológicas.

Para encenar as peças, os atores utilizavam sempre máscaras (uso obrigatório) e figurinos muito coloridos e ricos (roxo, bordados, verde, vermelho,...), contrastantes com a vida cotidiana que era baseada em cores frias. São utilizados: túnicas, manto, máscara, cabeleira postiça e, às vezes, barbas. A esses figurinos os gregos chamam de INDUMENTÁRIA. Curiosidade: a indumentária principal dos atores chama-se QUITON. Era uma espécie de túnica larga até os pés, mas diferente da comum, por possuir mangas largas e um cinturão abaixo do peito. Existiam ainda outras duas, chamadas: himation (manto largo sobre os ombros) e clâmide (manto curto, levado no ombro esquerdo).

Existe, nas tragédias, a presença de grande coro que tem por finalidade representar a sociedade e interferir nos conflitos como testemunha, confidente, espectador ideal, conselheiro, associado na dor, eco da sabedoria popular, juiz, entre outros. O coro representa o que é da ordem dos sentimentos e os atores se ocupam do desenvolvimento do que é temático. O CORIFEU é o solista do coro: pessoa que se destaca e inclusive contracena com os atores e os COREUTAS são todos os outros membros do coro. Importante: As mulheres não participavam das apresentações teatrais (não existiam atrizes). Os papéis femininos eram representados pelos homens, daí a necessidade maior ainda de máscaras.

Os festivais de teatro, no séc. V a.C., estavam inseridos nas festas em honra ao deus Dioniso, denominadas Grandes Dionisíacas ou Dionisíacas Urbanas, que se realizavam nos meses de março e abril de cada ano. Nestes festivais qualquer poeta podia concorrer apresentando uma tetralogia (trilogia trágica e um drama satírico).

Partes Principais da Tragédia

1- PRÓLOGO: 1a cena antes da entrada do coro ou da primeira intervenção do coro. Constitui uma narrativa preliminar que visa introduzir o tema. Pode ou não estar presente ou ainda aparecer de formas diferentes: - com apenas um ator: solilóquio ou monólogo; - com mais de um ator: cena aberta com diálogo e ação (ex.: Édipo Rei).

2- PÁRODO: existência de dois tipos: - entrada do coro cantando e dançando na orquestra (ex.: Édipo Rei); - o coro já presente, em silêncio.

3- EPISÓDIOS OU PARTES: cenas no palco possuidoras de diálogos tipo ator-corifeu ou ator-ator. Nestas cenas podiam participar figurantes (pessoas que não falavam).

4- ESTÁSIMOS: cantos e danças do coro na “orquestra” (lugar onde ficavam) que separam os episódios, marcando uma pausa na narração. Trata-se de um momento destinado a reflexões acerca do que se passa na história. Pode acontecer de, nestes intervalos, algum ator cantar: diálogo lírico: participação dos atores em diálogos com o coro. *Hipôrquema: quando o coro dança e canta com mais ênfase (geralmente antes da cena mais dramática da catástrofe). São cenas de profunda emoção.

5- ÊXODO: última cena (episódio final) depois do último estásimo e que encerra o drama.
Cenas Típicas da Tragédia

1- CATÁSTROFE: cenas de violência. Representa uma modificação brusca do destino das personagens (sempre trágicas). Não ocorre no palco, às vistas do público, mas somente se conta (exceto em algumas peças de Eurípedes);

2- CENAS PATÉTICAS: cenas em que as personagens explicitam seus sofrimentos e dores;

3- ÁGON OU CENAS DE ENFRENTAMENTO: cenas onde, através de ações ou palavras, as personagens se defrontam tragicamente no palco;

4- ANAGNÓRISIS OU CENAS DE RECONHECIMENTO: passagem da ignorância para o reconhecimento. Cena em que a personagem descobre e toma consciência da verdade e da situação em que se encontra. Existem também cenas de reconhecimentos parciais.


Os Três Grandes Tragediógrafos

O primeiro grande escritor de tragédias, de quem se conservou textos, chama-se ÉSQUILO (525 a.C. – 456 a.C.):

Esse autor é considerado o pai da tragédia justamente por ter institucionalizado e idealizado as características da tragédia grega.

- Idéias fundamentais: fatalidade em função da vontade divina; final triste, presença de maldições; predestinações dos Deuses; exploração das lendas tebanas e antigas; inferioridade da força frente ao espírito. As personagens de Ésquilo são meras agentes de sentenças ditadas pelos Deuses. Venceu mais de doze vezes os concursos.
- Inovações: *introdução do 2o ator em cena (Deuteragonista) dando início ao diálogo; *preocupação com elaborações de máscaras melhores e mais expressivas e indumentárias possuidoras de mangas longas; *criação do primeiro cenário do teatro grego (invenção até de guindastes que possibilitassem aos atores levitarem em cena); *introdução do coturno, calçado que possuía um salto enorme e tinha por objetivo engrandecer os atores, torná-los “sobre-humanos”; *redução do coro e diminuição de sua importância.
- Escrevia peças em forma de trilogia (3 peças que possuíam dependência temática, ou seja, que falavam sobre o mesmo assunto. Eram apresentadas todas juntas, no mesmo dia).
- Autor de: “Prometeu Acorrentado”, “As Suplicantes”, “Sete contra Tebas”, “Os Persas”, e a trilogia “Oréstia” composta pelas peças “Agamênon”, “Coéforas” e “Eumênides”. Essa trilogia é considerada uma das principais obras-primas da criação humana.
- Ésquilo interpretou as próprias personagens, além de dirigir seus próprios espetáculos. Tinha voz de tempestade e era uma pessoa áspera e violenta.
- Escreveu cerca de 79 a 90 peças teatrais, mas somente sete chegaram completas aos nossos dias.

SÓFOCLES (496? – 406? a.C.):
Esse pode ser considerado como o mais famoso tragediógrafo grego. Tido como o maior poeta trágico dos gregos, Sófocles acaba com a trilogia e traz uma série de inovações para as tragédias. Foi contemporâneo de Ésquilo. Das 120 peças que escreveu apenas 7 sobreviveram íntegras até os dias atuais. Foi vinte vezes vencedor dos concursos teatrais.

• Inovações: - Acabou com a trilogia (inicialmente, o poeta se via obrigado a representar na mesma festa, três tragédias com temas relacionados entre si. A partir de Sófocles cada um de seus dramas passa a ter “autonomia”).
- Acrescenta o terceiro ator: Tritagonista
- Idéias Fundamentais: Intervenção divina; Personagens embuídas de livre-arbítrio; Identificação das personagens (principalmente as centrais) com os seres humanos (homens); Acaba com o coturno primando a aproximação da realidade. Sófocles pretendia mostrar o homem do jeito que ele era: com dores, anseios, miséria, entre outros; Utilização de um calçado denominado CRÉPIS (espécie de sapatilha); Aumenta o significado do homem, mas a ação dos deuses ainda determina o destino e quase sempre são ações injustas, punitivas e autoritárias.
- Autor de: “Ájax”, “Antígona”, “As Traquínias”, “Édipo Rei”, “Electra”, “Filoctetes”, “Édipo em Colono”.

EURÍPEDES (480 – 405 a.C.): (Veja também o * Texto (3) da página 11)
Autor que coloca um perfil mais denso nas personagens (aspectos psicológicos). Suas peças diferem das outras por serem mais carregadas e densas. Aristóteles considerou Eurípedes como o poeta mais trágico entre todos.

• Inovações: - Cria personagens mais densos psicologicamente. As personagens inclusive criticam o desejo dos deuses.
- Crítica aos deuses e aos Mitos. Critica o destino traçado aos homens.
- Cria o Prólogo
- Transforma o Coro (diminui a função do Coro, centralizando suas peças na ação das personagens). O Coro passa a ter função apenas ocasional e indireta.
- Coloca, pela primeira vez, a tragédia refletindo as crises do tempo.
- Escreve sobre as paixões humanas: mesquinhez, amor, ódio, ciúme, entre outros. Foi muito criticado devido a isso. Segundo ele, os homens devem ser mostrados com mais realismo.
- Coloca em cena algumas cenas de catástrofes.
- Dramaturgo de uma religião em crise e de uma sociedade em decadência.
- Depois de Eurípedes não apareceu nenhum tragediógrafo de respaldo.
- Autor de : “Medéia”, “Hipólito”, “Electra”, “As Bacantes”., “As Fenícias", “Hécuba”, Ifigênia em Áulis”, “Andrômaca”, “Orestes”, “Íon”, “As Suplicantes”, “O Ciclope”, “Ifigênia em Táuris”, “Heracles”, “As Troianas”, “Helena”, “Alceste-Orestes”.

Sábado que vem tem mais :D.

Fonte: Curso Preparatório para o Exame de Capacitação Profissional – SATED-MG, História do Teatro – Marcelo Carvalho (RPMT: 03832)

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1 comentários:

Unknown disse...

muito obrigado vcs me ajudo muito bjss marcela(como e difilce se eu )

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